Hibistrofilia
O atentado terrorista em Boston renova o interesse pela compreensão desse fenômeno a princípio bastante estranho, mas não incomum: a hibristofilia. Comportamento que ocorre predominantemente em mulheres e que consiste em se sentir atraído afetiva e/ou sexualmente por homens que cometem crimes.
Dzhokhar, o acusado do atentado terrorista em Boston que sobreviveu, já começa a atrair. Inseridas no movimento que cresce na internet - “Free the Jahar” - encontram-se também jovens mulheres que o descrevem como bonito, atraente e apaixonante.
Bem sabemos de criminosos que recebem centenas de cartas apaixonadas na cadeia e, inclusive, de alguns que iniciaram relacionamento amoroso com algumas de suas fãs.
A hibristofilia é vista em pessoas que estão próximas ao criminoso e em pessoas que, à distância, revelam um amor platônico por ele. O fenômeno pode se manifestar de forma passiva ou ativa. Passiva quando não há envolvimento direto no crime, mas há atitudes compassivas e indulgentes com o ocorrido. Ativa quando há a colaboração para ajudar o criminoso a que alcance seu objetivo e para que consiga escapar da punição.
Qual vulnerabilidade leva alguém, em geral mulher, a se submeter emocionalmente ao criminoso? Desejo maternal que faz sentir pena do que vai ocorrer agora com o ele? Desejo narcisista de pegar carona na “fama” do criminoso pela sua exposição na mídia? Desejo semelhante ao do criminoso, tipo “fez o que eu gostaria de fazer”? Ou então: “estando comigo, por mim, ele muda e se torna bom”? Ingênua onipotência?
A propósito, hýbris em grego significa “excesso”, “descomedimento”. Na tragédia grega, significava o orgulho e a arrogância do personagem, responsável por sua destruição.
Problema: quem está envolvido está cego – ingênua e onipotentemente cego - e só tem chance de escapar do criminoso com a ajuda de um parente, colega ou amigo que lhe chame à realidade.