SERIADO HOUSE: A MEDICINA COMO ELA É?

10/10/2019
SERIADO HOUSE: A MEDICINA COMO ELA É?

AUTORES: Arthur Muller Guidali / Camile Cremonese Gobbo / Eduardo Damo*

Resumo: O presente artigo buscou explorar o seriado norte-americano House por meio de uma pesquisa de interpretação de informações, as quais foram interpretadas e compiladas em encontros semanais durante o primeiro semestre de 2013 entre os autores, acadêmicos do III nível de medicina da Universidade de Passo Fundo, com o objetivo de relacionar e relativizar a medicina real daquela figurada na série para que, principalmente a população leiga, possa ter uma visão crítica e mais próxima da realidade a respeito das atitudes e comportamentos médicos. Criado em 2004, pelo produtor David Shore, tornou-se o seriado mais popular e mais visto no mundo desde 2008. Ao longo de oito temporadas, relatou o cotidiano de uma equipe médica, liderada pelo Dr. House, um homem sarcátisco, cínico, arrogante, inteligente e apaixonado por desafios, que apesar de seus traços de personalidade discrepantes ao idealizado pela sociedade, sempre encerra cada capítulo com o diagnóstico e tratamento adequado para os casos, os quais tratam-se de doenças raras e que necessitam de atendimento de alta complexidade. Dessa forma, mostra um paradoxo entre a realidade do cotidiano médico, a ficção e a idealização advinda da sociedade – relações interpessoais, prevalência das doenças, meio e equipamentos de trabalho.  Os dados referentes ao trabalho foram retirados predominantemente de endereços eletrônicos, principalmente de notícias e reportagens da mídia, pois, tendo em vista ser um tema da modernidade e fictício, há uma menor produção literária em detrimento a atualização eletrônica.

Palavras-chave: House. Seriado. Médico. Realidade. Idealização. Sociedade.

Abstract: This article aims to explore the North American series House through a survey of interpretation of information, which were interpreted and compiled into weekly meetings during the first half of 2013 among authors, academics of III level of medicine at the University of Passo Fundo, in order to relate and qualify the real medicine that figured in series so that, especially the lay population, may have a critical view closer to reality of the attitudes and behaviors of the physicians. The North American series, House, created by producer David Shore has become the most popular in the world, conquering audiences and critics. Through eight seasons, reports the daily life of a medical team, led by Dr. House, a man sarcastic, cynical, arrogant, intelligent and passionate about challenges that challenges each coworker looking at their own problems and overcome its limits. This series was based on other narratives and characters, which led to formation of a blend of medical drama and police who conquered population showing a paradox between everyday reality and fiction doctor - interpersonal relationships, disease prevalence, means and equipment work - beyond the idealization arising morals imposed on society. However, the influence was beyond, and surprised also professionals of the health area. Shown by a character of logical reasoning and agile, that although many of the disparate personality traits designed to a doctor, always ends each chapter with a correct diagnosis and proper handling of the case. The data for the article were drawn predominantly from electronic addresses, mainly from news and media reports, because the article is about a theme of modernity and fiction, so there is less literary production than electronic updates.

Keywords: House. Show. Doctor. Reality. Idealization. Society.

Introdução

A série norte-americana House teve início em 2004 e desde então esteve entre os seriados mais vistos mundialmente. Foram oito temporadas que demonstraram o cotidiano de uma equipe médica, coordenada por House – o personagem principal- um médico mal-humorado, cínico, sarcástico e antissocial, mas que também é obstinado em fazer diagnósticos e que sempre soluciona os casos, geralmente de doenças raras, utilizando-se da mais alta tecnologia quando necessário.

Tendo em vista o sucesso do seriado e como estudantes de medicina, fomos instigados a interpretar a série e buscar informações para que com uma visão crítica e voltada para a realidade da medicina, em especial no nosso país, fosse possível entender o porquê de tamanha repercussão e demonstrar que o seriado não reflete veementemente a prática médica e a realidade de saúde pública.

A fim de criar uma ideia geral sobre a série e a partir de então desenvolver as discussões propostas, o artigo foi divido em três partes. Primeiramente, a História do seriado, abordando a intenção e inspiração do autor com a série e a descrição da estrutura e dos personagens. Por conseguinte, a repercussão e influência do seriado na população, mostrando que algumas atitudes do personagem principal podem desvalorizar o médico, se consideradas como reais e, por fim, o paradoxo entre a ficção e a realidade da profissão médica.

Metodologia

Este artigo foi desenvolvido por meio da análise de informações a respeito do seriado médico House concomitantemente com a observação de alguns episódios do seriado para posterior discussão entre os componentes do grupo e os orientadores para, com embasamento teórico, redigir o presente artigo com o objetivo de descrever brevemente a série, as repercussões na sociedade e suas limitações com a realidade.

Foram dedicados três meses para a elaboração do presente artigo. As buscas de informações foram realizadas principalmente pelo livro “Quem tem medo do Dr. House? (2012)” e complementadas com pesquisas online de notícias, a respeito da criação e repercussão do seriado, e de artigos sobre o modelo de médico e da medicina atual, para possibilitar a comparação com a ficção. A partir de então as idéias foram agregadas e reescritas neste artigo seguindo as normas da ABNT.

1.História

House, M.D. ou, no Brasil, simplesmente House, é um seriado norte-americano que se baseia na vida, principalmente no que tange à rotina de trabalho, de Gregory House, médico infectologista e nefrologista de um hospital fictício na cidade de Nova Jersey (USA).A série foi pela primeira vez exibida no ano de 2004. Ao todo, o seriado teve 8 temporadas, sendo que a quarta temporada, dentre todos os outros seriados do mundo, foi o mais assistido. O ator principal, Hugh Laurie, foi premiado com 2 globos de ouro; o seriado, com outros tantos. Outros importantes personagens são.Draª Lisa Cuddy (Lisa Edelstein), diretora do hospital e endocrinologista, Dr. James Wilson (Robert Sean Leonard), oncologista, único e melhor amigo de House, Dr. Robert Chase (Jesse Spencer), um médico intensivista, Dr. Eric Foreman (Omar Epps), um neurologista, Dr. Lawrence Kutner (Kal Penn), um médico desportivo e fisiatra, Dr.ª Chi Park (Charlyne Yi), uma residente em Neurologia (TORRENTS, 2012).

O americano Daved Shore, escritor da série, afirma que uma de suas inspirações para a criação do personagem principal baseou-se em outra figura conhecida e popularizada da dramaturgia: Sherlock Holmes (ELIAS, 2013). A saga desse detetive do século XIX assemelha-se em muitos aspectos com a de House. Ambos os personagens possuem a mesma letra – “H” - como inicial do segundo nome; o número do apartamento é o mesmo - 221B; o nome de seus melhores amigos possuem as mesmas iniciais: ’’J.W’’. James Wilson, amigo de House, e John Watson, amigo de Holmes; House toca guitarra e piano, Holmes toca violino; ambos são dependentes de drogas – House, de Vicodin, e Holmes, de cocaína e morfina e ainda, Moriarty, o homem que atirou em House, é o nome do maior inimigo de Holmes. Holmes possui uma inteligência fora do comum e uma perspicácia invejável para resolver os mais difíceis e improváveis casos. Da mesma forma, Dr. House, ao tratar os mais diversos casos clínicos que lhe são encaminhados, demonstra extrema inteligência e astúcia na busca pelo diagnóstico mais adequado, ainda que esse seja aparentemente impossível de ser realizado. No entanto, a maior semelhança entre os personagens está no fato de que, a fim de atingirem seus objetivos, ambos lançam mão de métodos e comportamentos pouco usuais e, em alguns casos, politicamente incorretos. Holmes, por exemplo, em alguns momentos, interfere até mesmo na vida pessoal de seu amigo Watson, revelando a esse diversos segredos de sua noiva, fazendo com que Watson ponha fim ao noivado. House, por adorar desafios, instiga constantemente sua equipe a competir entre si, porém,o faz de forma desrespeitosa, utilizando-se de aspectos particulares de seus companheiros para atingir seus objetivos, o que acarreta em diversos desligamentos voluntários de integrantes de seu grupo (TORRENTS, 2012).

Além disso, visando criar um seriado médico diferente dos demais, David procurou criar um personagem totalmente diferente do que havia sido mostrado até então na televisão. Na década de 60, nos EUA, fez sucesso o seriado Welby M.D., no qual, diferentemente de House, Welby realizava o diagnóstico de seus pacientes sempre relacionando-os com causas comportamentais, ou pessoais (ELIAS, 2013).

Unindo os dois temas que mais atraem o público norte americano: o drama médico e o policial, ‘’House M.D. ’’ facilmente tornou-se um sucesso, não apenas nos EUA, mas por todo o mundo.Apesar de seu comportamento politicamente incorreto em diversas situações, são inegáveis as diversas demonstrações de bom caráter e de atitude que House nos deixou como legado. A série lançada em 2004 chegou ao fim em 2012, mas o comportamento não ortodoxo e, em certos pontos, medicamente incorreto de House influenciou e ainda influenciará muitos indivíduos seja na escolha da profissão, seja na formação de uma opinião em relação ao médico (FURQUIM, 2013).

2.Influência do seriado na população

Tendo em vista a abrangência mundial que o seriado alcançou é importante salientar a repercussão populacional que foi gerada. A partir dessa série que várias percepções e ideias da população sobre medicina, médicos, hospitais, tratamentos e doenças foram alterados ou criados (CORTÊS, 2011).

Analisando os traços de personalidade do Dr. House, parte-se de um pressuposto que grande parcela da população leve essas características como comum a todos os demais médicos. A “frieza” demonstrada pelo médico-personagem apesar de poder ser criticada por prejudicar a relação com o paciente é também interpretada como uma maneira do médico não se permitir envolver emocionalmente e assim não perder a racionalidade em relação a diagnósticos e tratamentos. Essa influência torna-se negativa, pois desconsidera a humanização da medicina e desvaloriza a relação médio-paciente. Essa relação, ao contrario do que o Dr. House expressa, é o principio de um bom convívio com o paciente a fim de concluir um diagnóstico preciso (TORRENTS 2012). Segundo o próprio criador do seriado, o personagem foi feito para possuir a personalidade antissocial, caracterizada por um indivíduo sem empatia com outros seres vivos e com aqueles que o circundam, interesseiro, manipulador e egoísta. Esse modo comportamental não é modificado devido a experiências adversas ou punições, além de exigir uma baixa tolerância à frustração e uma tendência de culpar os outros. Assim sendo, as características do personagem não devem ser relacionadas como conseqüência do seu trabalho, pois são traços de personalidade que podem estar presentes em qualquer indivíduo, independente da profissão (OMS)

Outro aspecto observado pelos telespectadores é o fato de House, em quase todos os episódios, fazer uso abusivo de sua medicação, o Vicodin, fármaco analgésico opioide que serve para alívio de uma dor causada por cirurgia realizada em sua perna. Isso induz a população a criar uma imagem pejorativa dos profissionais da saúde, em geral os médicos, que por terem um acesso facilitado a substâncias analgésicas ou com efeitos no sistema nervoso, teriam índices elevados de dependência química, principalmente medicamentosa (TORRENTS 2012). Em uma reportagem da revista Veja sobre o uso de medicamentos pelos próprios médicos, um dos entrevistados, anestesista e psiquiatra, afirma a facilidade de acesso às medicações “Eu era um drogado de luxo. No hospital, bastava abrir o armário e me servir à vontade”, entretanto não se pode generalizar esse fato. Em análise de uma pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, entre os anos de 2000 a 2005 em 15 estados do país, verificou-se que os médicos apresentam taxas de uso nocivo e dependência de substâncias químicas (álcool, drogas, medicações) similares às da população geral, que varia entre 8% e 14%, ou seja, os dados de dependência química da categoria médica praticamente se igualam aos da população em geral, porém a dependência medicamentosa é realmente mais elevada entre os médicos – cinco vezes maior quando se trata de opioides e benzodiazepínicos (ALVES, 2002). 

Ademais, nesses sete anos o seriado teve uma significativa influência sobre os jovens quanto as suas escolhas profissionais. Na maioria das vezes as séries transmitiram momentos divertidos e relacionados ao “drama médico e policial”, o que maravilhou uma grande parcela dos jovens estudantes prestes a ingressar em uma universidade. Todavia, essa ficção não foi distinguida da realidade quando estes mesmos estudantes optaram em cursar Medicina e, infelizmente, esse paradoxo ideológico gerará uma decepção futura. Tanto a real relação hospitalar quanto a conduta diagnóstica diferem em vários aspectos do que é enfocado a partir do Dr. House. Por isso, deve-se discriminar os mais diversos meios de influência, a fim de possuir sempre uma base verídica para qualquer decisão pessoal ou profissional (TORRENTS 2012).

3. Diferenças do médico na ficção e na realidade

Na sociedade encontram-se vários paradoxos quando o assunto “médico” é reverenciado.  A exemplo disso, o seriado “House” expõe uma equipe médica altamente equipada, disciplinada em fazer diagnósticos diferenciais extraordinários, com resultados e conclusões sempre presentes no final de cada série. Essa ideia exposta a cada episódio choca-se com a realidade (CAMELO, 2010).

A profissão médica sempre foi idealizada pela sociedade em geral, o que pode ser demonstrado pela expectativa dos estudantes de medicina em relação ao profissional que serão no futuro: almejam ser inteligentes, estudiosos, sensíveis, seguros, inspirar confiança, saber dosar trabalho e lazer, estar sempre disponíveis, ser competentes tecnicamente e saber compreender o paciente; da mesma forma, um trecho do clássico juramento hipocrático, repetido a cada formatura, exemplifica esta idealização: "... Manterei a minha vida e a minha arte com pureza e santidade; qualquer que seja a casa em que penetre, entrarei nela para beneficiar o doente; evitarei qualquer ato voluntário de maldade ou corrupção.” (CERQUEIRA, 2002). Todavia, desde o lançamento do seriado “House”, ficou explícita uma ambiguidade presente entre o protótipo de médico ideal e a caracterização do médico no seriado.

Nos primeiros episódios da série, em que House começa a ser apresentado aos telespectadores, mostra-se um profissional indisciplinado, pois não faz uso do jaleco branco, não se importa com sua aparência e não respeita as ordens da diretoria do hospital em que trabalha. No que diz respeito às relações interpessoais, tanto com os pacientes quanto com os colegas de profissão, caracteriza-se como um indivíduo de franqueza sarcástica, falta de empatia e mal-humorado. Baseia seus princípios diagnósticos em dois preceitos básicos: “as pessoas mentem” e “os sinais e sintomas não mentem”, ou seja, não trata seus pacientes, e sim, a doença deles. Na sua insaciedade por diagnósticos, submete seus pacientes a procedimentos invasivos buscando não a cura para doenças, mas somente a precisão do diagnóstico em questão para, simplesmente, saciar seu ego (TORRENTS, 2012).

“Foreman – Não deveríamos falar com os pacientes antes do diagnóstico?

Cameron – Ele não gosta de lidar com os pacientes.

Foreman – Não foi para tratar os pacientes que nos tornamos médicos?

House – Não, foi para tratar as doenças. Tratar pacientes é o que deprime  os   médicos!” (TORRENTS, 2012).

A partir desse tema, enfoca-se um assunto em que até hoje, na ficção e na realidade, provoca divergências, pois, tratar o paciente ou a doença abrange áreas humanitária e cientifica – cada uma defendendo seu ideal. Essa diferença reflete na atuação médica dependendo do modelo de ensino de cada país. Na França, as escolas médicas tem escassa interação entre a medicina e a sociologia quando comparadas com as universidades dos países da América Latina, os quais sofreram forte influência do modelo de saúde americano, em que os Estados têm o intuito de formar profissionais com consciência social, tendo tanto ensinamentos práticos, quanto teóricos no seu currículo (MONTAGNER, 2008). Para a própria consultora técnica do seriado, a médica Lisa Sanders, autora do livro “Todo paciente tem uma história para contar”, na medicina a incerteza é o próprio ar que respiramos e quanto maior a compreensão do paciente sobre a sua doença e o seu tratamento, maior é a probabilidade de que consiga fazer sua parte, no entanto, para a construção de House optou-se por um profissional que não se preocupa com a qualidade da relação medico/paciente para estabelecer o processo de cura, mas que, independente disso, sempre soluciona os casos, criando assim uma imagem de super-herói ao personagem e tornando o seriado mais atraente. (TORRENTS, 2012).

O seriado também impressiona nos momentos em que o personagem ousa desrespeitar o Código de Ética Médica. As imprudências mais marcantes cometidas por ele manifestam-se em sua vida pessoal, quando negligência seus próprios interesses e sua saúde, como nos vários episódios em que chega ao extremo de experimentar drogas, antes de usá-las nos pacientes, ou provocar deliberadamente em si próprio, estados de inconsciência. Sendo Código de Ética Médica um conjunto de artigos que visam delimitar os direitos e deveres dos médicos, o seriado impressiona ao apresentar esse modelo de profissional ultrapassando as leis que regem o seu trabalho no cotidiano dos hospitais alternativos a ficção (CAMELO, 2010).

A educação médica volta-se cada vez mais para uma medicina generalista que enfoque a promoção e prevenção de saúde, visando uma melhor qualidade de vida e menos gastos - com leitos hospitalares, equipamentos diagnósticos e terapêuticos e medicações. Dessa forma, é necessário ressaltar a população que a série mostra doenças pouco prevalentes e que exigem interferência de alta complexidade, o que atrai mais os telespectadores, já que foge da realidade comum. Além disso, o funcionamento organizacional do sistema é bastante discrepante entre o que se mostra nos episódios e a realidade brasileira, já que usando a lógica de exclusão de diagnósticos e de custo dos exames é regra iniciar com uma investigação por meio de exames mais comuns e de acordo com a necessidade individual de cada paciente partir para exames mais complexos e entre requisições, seja de exames ou de encaminhamentos, há uma burocracia imensa, que é ignorada pelo seriado (SICOLI, 2003).

Na medicina, tanto a população quanto os próprios profissionais exigem diagnósticos com rapidez e facilidade tendo em vista os anos de estudo traçados pelo médico ao longo de sua formação e a idealização da sociedade perante esse profissional (CERQUEIRA, 2002).  No entanto, existe certa frustração quando, profissional e sociedade, deparam-se com situações que se distanciam desse ideal ou, ainda, quando um cidadão leigo assiste um seriado cujos episódios expressam situações que fogem desse padrão. Assim se passa cada temporada de “House”, onde o personagem principal se depara com doenças raras, porém reais, e de difícil diagnóstico (TORRENTS, 2012).

Fica explicito, pois, que a atuação médica difere em certos padrões do protótipo ideal criado pela sociedade, o que é mostrado por meio de seriados que – apesar de terem intenção figurativa – acabam por expressar uma realidade contrária à moral imposta. Apesar dos contrapontos existentes com o ideal criado, a cada série estreada o personagem principal conquistava o público, pois sua sabedoria proporcionava o diagnóstico e tratamento do paciente, desfecho principal esperado de um bom médico, seja na vida real, seja na mídia (TORRENTS, 2012).

Conclusão

A história do seriado “House” trouxe uma repercussão mundial devido a historia contada no decorrer das temporadas: um médico antissocial cuja capacidade de diagnosticar seus pacientes era extraordinária. Essa criação de um personagem que foge dos padrões da realidade chamou a atenção tanto positivamente quanto negativamente. Esta se apresenta quando a relação medico-paciente é posta em evidencia, a qual, não atende os quesitos de uma relação adequada a partir do momento em que o Dr. House opta por tratar a doença ao invés do paciente. Já, aquela, quando expõe aos telespectadores que a medicina não representa aquilo que se é idealizado pela sociedade.

O conhecimento final e fundamental deste artigo é retratar à população, especialmente, aqueles que não estão envolvidos diariamente na área da saúde, que a mídia do entretenimento não tem a obrigação de representar a realidade nas suas estórias e, sim, mostrar algo que seja atraente ao público e para isso fazer o uso de elementos incomuns e diferentes. Sendo assim, é importante que os telespectadores saibam relativizar a tudo aquilo que assistem.

O mundo está passando por uma era de extrema tecnologia que tende a expandir cada vez mais, então, é importante que os assuntos mostrados e perpetuados na mídia sejam estimulados a serem temas de pesquisa para passarem por análise crítica, o que aproxima a população leiga ao conhecimento científico. Acredita-se que este trabalho estimule outros acadêmicos a desenvolver estudos nesse sentido, expandindo a área da pesquisa.

Referências

ALVES, Hamer Nastasy Palhares. Jornal do CREMESP, Edição 184, 12/2002. Disponível em: . Acessado em 28.03.2013.

CAMELO, Thiago. Um livro para quem não gosta de 'House'. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/resenhas/um-livro-para-quem-nao-gosta-de-house-1>. Acessado em 28.03.2013.

CERQUEIRA, Ana Teresa R.A.; LIMA, Maria Cristina P. A formação da identidade do médico: implicações para o ensino de graduação em Medicina. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832002000200008>¹. Acesso em 22.03.2013

CORTÊS, Xavi; EASTER, Lia et al. David Shore, criador de House, dá entrevista exclusiva. Disponível em: <http://globotv.globo.com/universal-channel/whats-on/v/david-shore-criador-de-house-da-entrevista-exclusiva/1499181/>. Acessado em 25.03.2013

ELIAS, Rodrigo. House historiador: um personagem de TV que pode ser visto historicamente. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/house-historiador>. Acessado em 28.03.2013

FURQUIM, Fernanda. House: canal universal exibe último episódio de ‘House’.  Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/tag/house/>. Acessado em 28.03.2013

MONTAGNER, Miguel Ângelo. Sociologia médica, sociologia da saúde ou medicina social? Um escorço comparativo entre França e Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-12902008000200018&script=sci_arttext>. Acessado em 31.05.2013

SICOLI, Juliano Lordello, NASCIMENTO, Paulo Roberto. Promoção de saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface - Comunic,Saúde, Educ, v.7, n.12, p.91-112, 2003. Disponível em < http://www.interface.org.br/revista12/artigo3.pdf>,

Acessado em 30.03.2013.

TORRENTS, Nuria; SPACCAQUERCHE, Maria Elci. Quem tem medo do Dr. House? Pri Primavera Editorial Ltda, São Paulo, 2012.

* Com a colaboração de Adriane Mara de Lima e com a orientação dos professores do Modulo Educação e Ética Médica da FAMED UPF, 2013.

 

 

 

 

 

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