Competições esportivas na infância II

Competições esportivas na infância II

03/10/2019
Competições esportivas na infância II

Estresse

  • Pais e técnicos devem dedicar atenção permanente ao nível de estresse das crianças e dos adolescentes.
  • Um nível pequeno de estresse é inevitável e inclusive traz benefícios: faz com que os atletas se concentrem na atividade e usufruam mais prazer ao alcançarem os resultados (estresse positivo).
  • Porém, quando o estresse se torna excessivo, o atleta se desconcentra da atividade e vive-a como um acontecimento traumático.
  • O estresse excessivo pode surgir de forma aguda em determinado momento da competição, ou crescer aos poucos de forma crônica ao longo de todo o evento.
  • Sintomas de estresse agudo: súbitas crises de raiva, de choro, de medo ou de evitação.
  • Sintomas de estresse crônico: irritação e tristeza, ansiedade, musculatura contraída, dores em diversas partes do corpo sem causa aparente, insônia, cansaço nos treinamentos habituais.
  • Alerta: o surgimento é decorrente de uma relação inadequada dos pais e dos técnicos com os atletas.
  • O estresse, na definição do Dr. Hans Selye, um dos primeiros a se dedicar a seu estudo, é qualquer pressão imposta à pessoa.
  • Quando o estresse passa do nível desejado (estresse negativo) e está acarretando sintomas, é porque as crianças e os adolescentes envolvidos no esporte competitivo estão sofrendo pressão imposta pelos pais e/ou pelos técnicos.
  • Os pais e os técnicos estão impondo pressão porque estão fora da realidade da competição, não estão avaliando adequadamente o desempenho possível de seus atletas e de sua equipe.

 
Auto-estima

  • Pais e técnicos devem dedicar atenção permanente ao nível de auto-estima das crianças e dos adolescentes.
  • A imagem que o jovem adquire dele mesmo é fator fundamental na formação de sua auto-estima.
  • Durante as fases iniciais da vida, nós nos avaliamos pela avaliação que os outros fazem de nós; a nossa auto-imagem é, em muito, determinada pela imagem que percebemos despertar nas pessoas.
  • O nosso espelho, aquele que nos diz o quanto estamos com uma boa ou uma má imagem, é o olhar de reprovação das pessoas que consideramos importantes. No caso dos esportes: os olhos dos pais, familiares e amigos que assistem às competições e os olhos do técnico.
  • Sinais de baixa auto-estima: autocrítica mordaz, constante avaliação negativa de seu desempenho, comparações em que se coloca inferior, quietude, tristeza, agressividade, inveja dos companheiros, desinteresse, abandono de prática esportiva.
  • Esses sinais de baixa auto-estima sugerem que o espelho - a avaliação dos pais e dos técnicos - está baseada em critérios fora da realidade atual do atleta, da equipe a que ele pertence e do nível da competição.
  • A baixa auto-estima relaciona-se de forma direta com a presença nos pais e nos técnicos do sentimento de que o jovem está deixando a desejar, está decepcionando.
  • Uma auto-estima exacerbada, que faz com que o atleta se avalie bem acima de suas reais capacidades, também é nociva: necessariamente vai acabar frustrado na competição, ficar agressivo e, às vezes, colocar-se numa situação vexatória por não estar com o juízo adequado da realidade.
  • Auto-estima desfocada para mais, muitas vezes surge de sentimentos onipotentes dos pais e dos técnicos relativos a tudo que é seu ou que está sob seus cuidados e orientação.
  • Os pais e os técnicos estão atrapalhando o jovem atleta a adquirir uma adequada auto-estima porque estão se constituindo em espelhos desfocados: não estão podendo avaliar o desempenho em acordo com critérios realísticos.

 
Competição saudável

  • Quanto mais pais e técnicos se colocam em acordo com a realidade, mais saudável será o ambiente que proporcionarão às crianças e aos adolescentes envolvidos em esportes competitivos.
  • A realidade do esporte competitivo demonstra que a vitória não depende exclusivamente de nós, pois são muitos os fatores envolvidos e nunca conseguimos tê-los todos sob nosso controle: nem sempre querer é poder.
  • Pais e técnicos podem almejar a formação de uma equipe de bom nível técnico e organizativo, mas jamais contar com a superação de todas as outras e com a vitória final; existe o momento do jogo, existe o acaso, existe o imponderável a tornar o esporte uma caixa de surpresas e, por isto mesmo, atraente.
  • Portanto, a realidade impõe ao grupo ter como objetivo um desempenho organizado, esforçado e técnico: a vitória poderá ocorrer ou não.
  • Portanto, sucesso não é sinônimo de vencer e insucesso não é a mesma coisa que perder.
  • Em acordo com a realidade do esporte competitivo, sucesso equivale ao esforço, ao interesse e à atuação inteligente dentro da competição.
  • A busca da vitória como objetivo único é preudicial: gera níveis elevados de estresse e coloca a auto-estima das crianças e dos adelescentes em avaliação a partir de fatores sob os quais ninguém tem total controle.
  • Jovens que são levados por pais e técnicos a achar que vencer é tudo, sentem a competição como um momento traumático, destruidor de sua auto-estima e gerador de níveis insuportáveis de estresse.
  • Competir é saudável quando em acordo com a realidade: estimula o companheirismo, o viver em grupo, o respeitar o adversário, a autoconfiança e influi positiva e amplamente no amadurecimento emocional de crianças e de adolescentes.
  • Repito: competir é saudável quando em acordo com a realidade. Desenvolve habilidades e dá aquele gosto que se carrega para sempre na vida, o gosto de uma jogada bem feita, de um lance bem construído que gera sensação de leveza e de felicidade.(Jorge Alberto Salton)

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