Personalidade doente /8
Personalidade pode ser conceituada como o conjunto de características que definem uma pessoa. Em palavras mais simples: o jeito da pessoa, o jeitão dela. Sua maneira de ser, de agir, de se relacionar.
De forma resumida podemos dizer que a personalidade se apresenta doente de duas maneiras: 1. Foi sempre assim, desde a infância ou da adolescência, nos chamados Transtornos Específicos da Personalidade. 2. Alterou-se a certa altura da vida adulta após passar por um estresse muito grave ou por uma doença psiquiátrica muito grave, na chamada Alteração Permanente de Personalidade.
TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE PERSONALIDADE
Nestes casos, a personalidade é considerada alterada por apresentar desvios importantes do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, sente, pensa e se relaciona com os outros. O indivíduo sempre foi assim diferente. Estes transtornos aparecem já na infância ou na adolescência. Entretanto, o diagnóstico nunca é dado antes dos 16 ou 17 anos de idade.
Há um continuum que vai dos traços de determinada alteração até o transtorno. Para a existência do transtorno, da doença, é necessário a presença das seguintes características: jeito permanente, persistente, inflexível e que traz prejuízos ao funcionamento do indivíduo ou sofrimento subjetivo.
São vários os tipos de transtornos de personalidade. Os principais são: paranóide, esquizóide, histriônico, dependente, anti-social, emocionalmente instável de tipo impulsivo, emocionalmente instável de tipo limítrofe (bordeline), anancástico, ansioso (de evitação) e narcisista.
O paranóide, por exemplo, caracteriza-se pela presença de desconfiança, suspeita, suscetibilidade à critica, com tendência simultânea de criticar os outros.
A dificuldade para tratar estes transtornos se deve ao fato de que estes indivíduos não se acham doentes. A leitura sincera que fazem da vida é esta mesma. Chamamos de ego-sintônico. Quando algo que temos dentro de nós distoa de nosso eu, não combina conosco, é ego-distônico, traz sofrimento e, em conseqüência, queremos nos livrar deste “corpo estranho”. Ou seja, procuramos ajuda. Ao contrário, quando não estranhamos, quando sintonizamos... achamos que nada temos a modificar em nós.
ALTERAÇÕES PERMANENTES DE PERSONALIDADE
Nestes casos, os familiares e os amigos notam que o “fulano não é mais o mesmo”. A personalidade pode alterar-se de forma permanente após a vivência prolongado de um estresse grave. Por exemplo: tortura, situações de seqüestro com cativeiro prolongado, desastres.
Também a experiência traumática de sofrer uma doença mental grave pode provocar este quadro.
A psicoterapia pode alcançar bons resultados nestes casos. Seu sucesso depende muito mais das qualidades humanas do terapeuta do que da técnica psicoterápica empregada.(Jorge Alberto Salton)