Filme/ Ambulatório das Falsas Crenças.
Jorge Alberto Salton
Já em 1998 o médico Alan Berkenwald publicou no Annals of Internal Medicina, sob o título em “Em nome da medicina”, artigo sobre o número impressionante de terapias não científicas oferecidas a sociedade. Desde então, a chamada “medicina alternativa” ganhou corpo, organização e capacidade de divulgação na mídia. Hoje, inclusive, passa a disputar espaço já junto aos estudantes de medicina.
Se uma dessas terapias alternativas conseguisse a partir de pesquisas adequadas provar eficiência, a medicina científica passaria também a empregá-la.
Quem pratica tais terapias tem a vantagem de, em geral, receber diretamente do cliente, de forma particular, e não por convênios. Não tem sobre si o rígido Código de Ética Médica e também corre risco muito menor de sofrer processos.
Existem extremos, desde tratamentos tipo “terapias de vidas passadas” até tratamentos mais próximos da medicina tradicional e que, por força do grupo que a pratica, conseguem inclusive espaço dentro das associações médicas.
Propala-se que nos atendimentos é indispensável a “arte” de quem atende. A resposta é positiva se o procedimento se faz tendo como centro uma técnica embasada no método científico.
François Jacob, Prêmio Nobel de Medicina de 1965 escreveu: “O que há de comum – entre ciência e arte – é o fato de que no começo de tudo há um esforço de imaginação. Dele tanto depende a ciência quanto a poesia, só que o cientista é obrigado a confrontar a realidade imaginada com a realidade em si, enquanto o poeta pode fazer qualquer coisa”.
A invasão do espaço destinado a ciência, obriga entidades médicas e faculdades de medicina a periodicamente retomar a discussão da questão e a fazê-la de forma criativa. Atualmente, citando como exemplo, circula no meio médico o longa-metragem Ambulatório das Falsas Crenças que trata da luta dos profissionais para se manterem dentro do método científico e resistirem ao canto de sereia da pseudociência.
Platão personifica a ciência ao dizer: “A palavra tem de concordar com o fato”. Já a pseudociência é muito bem representada pelo personagem de Nelson Rodrigues que descaradamente declara: “Se os fatos estão contra mim (minhas crenças), azar dos fatos.