Filme: Esquizofrenia/Uma mente brilhante

Filme: Esquizofrenia/Uma mente brilhante

02/10/2019
Filme: Esquizofrenia/Uma mente brilhante

Com o filme Uma Mente Brilhante o problema da esquizofrenia veio à tona. O matemático John Forbes Nash Jr, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 1994, cuja biografia inspirou o filme, apresenta um quadro um pouco diferente do personagem representado por Russel Crowe. Goldsman, o roteirista, trocou o tipo de alucinação e fez como se a doença tivesse surgido aos vinte anos e não aos trinta conforme aconteceu na realidade.

O filme beneficia em muito os portadores desta doença e seus familiares pois ajuda a vencer o preconceito e coloca-os ao mesmo nível dos portadores de tantas outras doenças.
Epidemiologia. Não se sabe com precisão o número de pessoas que sofrem da doença no mundo. Entretanto, acredita-se que se aproxime de 1%. Numa cidade de um milhão de habitantes, por exemplo, é possível que de sete a dez mil pessoas sejam atingidas.
Idade. A doença aparece entre os 15 e os 35 anos. Raramente antes ou depois.
Sexo. Atinge em igualdade homens e mulheres.
Classe social. Todas, se bem que com o passar dos anos as famílias que apresentam esta doença tendem a baixar de nível socioeconômico. Não só pelas despesas com tratamentos, como pelo fato deste menbro da família ter dificuldade para conseguir trabalho.
Sintomas. Estão alteradas principalmente as funções sensopercepção, pensamento, afeto e conduta. Na sensopercepção - capacidade de perceber o mundo externo através dos nossos cinco sentidos - encontramos a presença de ilusões e de alucinações. Ilusão é percepção distorcida de um objeto ou estímulo. Por exemplo, o ruído do motor do ônibus é percebido como o som de vozes acusatórias. Alucinação é a percebção sem objeto ou estímulo. Sem som externo algum, o paciente ouve vozes. Tanto as ilusões como as alucinações podem ocorrer a partir de qualquer um dos órgãos dos sentidos: visuais, auditivas, olfativas, gustativas e táteis. No caso do filme, o personagem apresentava alucinações visuais. Na vida real, Nash sofria de alucinações auditivas. No pensamento, encontramos idéias delirantes ou delírios. Consistem em falsas crenças, não corrigidas pela confrontação com a realidade, que tendem a se difundir e ir tomando conta da mente. No caso de Nash, as idéias delirantes eram de perseguição. Havia, no seu entendimento, uma conspiração e ele estava empenhado em descobrí-la. No afeto, notamos a presença de embotamento. O paciente não mostra as modulações provocadas pelos acontecimentos da vida. Parece indiferente. Na conduta, as alterações são conseqüentes às outras alterações. No filme há uma cena no campus em que o personagem discute com suas alucinações numa conduta de quem fala e briga sozinho.
Tipos. Existem vários tipos de esquizofrenia e de gravidades diferentes. Tipo I, tipo II. Esquizofrenia catatônica, hebefrênica, simples. 
        Prognóstico. Sua evolução depende de sua gravidade e da época de seu início. Nash teve seu quadro iniciado aos trinta anos, por isto ele conseguiu o progresso que conseguiu. Teve tempo para isto. Se tivesse principiado aos quinze anos é possível que sua evolução não fosse tão favorável. Essa doença evolui por surtos. Há momentos em que os sintomas ficam mais fortes e noutros se tornam amenos. Quando a pessoa está lúcida, muitas vezes se deprime por perceber seus prejuízos. Há casos de depressão grave e suicídio. Estima-se que dez por cento comentam o suicídio. Não há nada que diga que estes pacientes cometam mais agressões a terceiros do que a população em geral.
Causas. Não estão bem esclarecidas. Porém sabe-se que há um componente genético forte. De tal forma que quando ambos os pais são portadores da doença as chances dos filhos também adoecerem são de quarenta por cento. Nash teve um filho antes do casamento. Este filho não apresentou a doença. Inclusive fez uma ponta no filme: é um dos enfermeiros que o carregam para uma sessão de insulinoterapia. O outro filho do casamento com Alicia, este também tem esquizofrenia. A alteração genética faz com as células do cérebro, os neurônios, não produzam de forma adequada os neurotransmissores. Portanto, trata-se de uma doença orgânica, relacionada com a bioquímica cerebral.
Tratamentos. Os tratamentos evoluíram muito. Os mais eficazes são os medicamentosos.(Jorge Alberto Salton)

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