09/10/2019
1951: MAX THEILER

Artigo escrito por:
HANCKE, Marcelo
NUNES, Tábada T.
MISTURA, Tarciane C.
Faculdade de Medicina/UPF

RESUM
O

O presente artigo científico versa sobre um dos profissionais mais importantes da história da medicina, Max Theiler. Trata da biografia e dos estudos realizados pelo Microbiologista e Médico Sanitarista, nascido em Pretória, no Sul da África, e que teve o curso médico concluído em 1922, na London School of Tropical Medicine. Theiler revolucionou a área da saúde após desenvolver pesquisas sobre a Febre Amarela, afirmando que a doença era causada por um vírus e não por uma bactéria, como se acreditava na época. Além disso, descobriu a vacina para imunizar a população contra o agente causador da doença, o que fez com que fosse laureado com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia no ano de 1951. A descoberta da substância que ativa as defesas do organismo contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti teve suma importância para a redução do número de mortes ocasionadas pela patologia e contribuiu de forma significativa para o não alastramento do vírus e para a não formação de epidemias.
Palavras-chave: Max Theiler, Prêmio Nobel, Febre Amarela, Vacina Febre Amarela.

ABSTRACT

The present scientific article deals with one of the most important professionals of the Medicine History, Max Theiler. It´s related to the biography and the studies of the microbiologist and Sanitarist Doctor, born in Pretória, in the South of Africa, whose Medical Course was concluded in 1922, in the London School of Tropical Medicine. Theiler revolutionized the health area after developing research on the Yellow Fever, affirming that the illness was caused by a virus and not by a bacterium, as believed at the time. Moreover, he discovered the vaccine to immunize the population against the illness causing agent, what made him to be honored with the Medicine and Phisiology Nobel Prize in the year of 1951. The discovery of the substance that actives the organism defenses against the illness transmitted by the Aedes Aegypti mosquito had great importance for the reduction of the number of deaths caused by the pathology and contributed significantly for not spreading out the virus and not forming epidemys.
Key Words: Max Theiler, Nobel Prize, Yellow Fever, Vaccine Yellow Fever.

INTRODUÇÃO

Na história da Medicina, existiram competentes médicos pesquisadores que dedicaram parte de suas vidas ao estudo de um tipo de substância que pudesse garantir imunidade temporária ou definitiva às pessoas contra algumas patologias atualmente consideradas menos perigosas ou, até certo ponto, erradicadas. Um excelente exemplo a ser citado é Max Theiler, importante médico sanitarista e ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia do ano de 1951 pelo desenvolvimento da vacina contra a febre amarela, tornando este ano um marco histórico na área médica.

BIOGRAFIA

Max Theiler, brilhante médico sanitarista e microbiologista nascido em Pretória, no sul da África, em 30/01/1899, foi o ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia do ano de 1951 pela descoberta da vacina contra a febre amarela no ano de 1930, a qual somente teve seu reconhecimento e aprovação na década de 1940. Filho do famoso cientista veterinário suíço Arnold Theiler e de Emma Jegge, freqüentou escolas locais, com exceção do ano em que esteve em Basel, Suíça; seguindo para a Rhodes University College, Grahamstown e a University of Capetown Medical School (1916-1918). Após, seguiu para a Inglaterra para estudar no St. Thomas' Hospital e na London School of Tropical Medicine, graduando-se no curso de Medicina em 1922. No mesmo ano se tornou um licenciado do Royal College of Physicians e membro do Royal College of Surgeons. Emigrou para os Estados Unidos, indo trabalhar no Department of Tropical Medicine da Harvard Medical School, Boston, Massachusetts, de início como assistente e, mais tarde, como instrutor. Durante esse período provou que a febre amarela era provocada por um vírus e não por uma bactéria. Nesta mesma época, casou-se com Lillian Graham, com quem teve uma filha. Juntou-se (1930-1964) ao staff do International Health Division da Rockefeller Foundation, onde se tornou Director of Laboratories da Rockefeller Foundation's Division of Medicine and Public Health, New York. Esteve na Yale Medical School e morreu em New Haven, Connecticut, no ano de 1972. Publicou dois grandes livros:Viral and Rickettsial Infections of Man em 1948 e Yellow Fever em 1951, sem contar sua valiosa contribuição nos numerosos artigos editados no The American Journal of Tropical Medicine e Annals of Tropical Medicine and Parasitology. Além do Prêmio Nobel, foi laureado com outros importantes prêmios como o Chalmer's Medal da Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene (1939), a Flattery Medal da Harvard (1945) e o Lasker Award of the Lasker Foundation (1949).

PESQUISA / HISTÓRICO

O controle da febre amarela, devido a sua morbidade e mortalidade, foi um dos grandes desafios da medicina. Vários pesquisadores, em diferentes países e épocas se dedicaram ao estudo desta doença, especialmente no que se refere a forma de transmissão. 
A febre amarela é doença infecciosa não-contagiosa causada por um arbovírus mantido em ciclos silvestres em que macacos atuam como hospedeiros amplificadores e mosquitos dos gêneros Aedes na África, e Haemagogus e Sabethes na América, são os transmissores. Cerca de 90% dos casos da doença apresentam-se com formas clínicas benignas que evoluem para a cura , enquanto 10% desenvolvem quadros dramáticos com mortalidade em torno de 50% . O problema mostra-se mais grave na África onde ainda há casos urbanos . Nas Américas, no período de 1970-2001, descreveram-se 4543 casos. Os paises que mais diagnosticaram a doença  foram o Peru (51,5%), Bolívia(20,1%) e o Brasil (18,7%).Os métodos diagnósticos utilizados incluem a sorologia (IgM), isolamento viral, imunohistoquímica  e RT-PCR. A zoonose não pode ser erradicada mas a doença humana é prevenível mediante a vacinação com a amostra  17D do vírus amarílico. A OMS recomenda nova vacinação a cada dez anos .
O Dr. Carlos Juan Finlay, médico cubano, com formação feita nos EUA, apresentou, em 14 de agosto de 1881, um trabalho sobre  "O mosquito hipoteticamente considerado como agente transmissor da febre amarela". Esta doença causava a morte de pelo menos 40% das pessoas que a contraíam. 
Antes de apresentar seu trabalho testou a sua hipótese em cinco pessoas, que permitiram que mosquitos alimentados com sangue de pessoas contaminadas as picassem. Todas as cinco pessoas desenvolveram a doença, sendo duas na forma leve. Nenhuma delas, contudo, foi convincente o suficiente para comprovar esta hipótese para outros especialistas. Durante os 19 anos que se seguiram, continuou testando esta idéia em mais 102 ou 104 pessoas. Várias delas desenvolveram a doença, sem contudo gerarem evidências definitivas desta forma de transmissão. Aparentemente, Finlay não se incluiu nestes experimentos. 
Em 1894 o Dr. Finlay propôs, em um congresso médico em Budapeste, que a melhor maneira de erradicar a febre amarela seria através da eliminação dos mosquitos. Esta proposta não teve repercussão na época. No início do século XX esta idéia foi posta em prática salvando milhares de pessoas em todo o mundo.
Em 1897, o bacteriologista italiano Giuseppe Sanarelli, que havia trabalhado no Instituto Pasteur, na França, apresentou a sua proposta de que o bacillus icterioides seria o causador da febre amarela, tomando por base as suas observações feitas no Brasil e no Uruguay. Estes estudos geraram dois posicionamentos muito fortes. Por um lado alguns médicos e cientistas saudaram esta descoberta pela sua contribuição à ciência. Outros, contudo, denunciaram que os estudos haviam sido muito inadequados. Um deles foi feito em cinco pessoas que receberam este bacilo, por via injetável, sem serem adequadamente informadas ou terem autorizado este procedimento. Deste cinco, três morreram por complicações decorrentes da pesquisa. O Dr. William Osler, que na época era considerado o mais conceituado médico norte-americano, declarou que esta pesquisa de Sanarelli era "criminosa". 
A repercussão da proposta de Sanarelli foi muito grande, pois uma das mais importantes preocupações do exército norte-americano,  que estava envolvido na Guerra Hispano-Americana, era o fato de terem morrido mais soldados de febre amarela que em combate. 
Com o objetivo de estudar a mecanismo de contágio da Febre Amarela o Departamento Médico do Exército Norte-Americano, em maio de 1900, criou uma comissão para realizar uma pesquisa a este respeito. O Dr. Walter Reed, major do exército e professor de medicina na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore/EUA, foi nomeado seu coordenador. Os Drs. James Carrol, Jesse W. Lazear e Aristides Agramonte, todos médicos e majores, eram os demais membros desta comissão.  
O Dr. Walter Reed ficou encarregado de todo o projeto, o Dr. Carrol com os aspectos relacionados à Bacteriologia, o Dr. Agramonte com a patologia e o Dr. Lazear com os aspectos experimentais que envolvessem a possível transmissão pelos mosquitos. 
O projeto estudaria as duas hipóteses então existentes: 
a) transmissão por um bacilo (Bacillus icteroides), proposta pelo Dr. Giuseppe Sanarelli, em 1897; 
b) transmissão através de um mosquito (Aedes aegypti, conhecido então como Stegomyia fasciata), proposta e testada pelo médico cubano, Dr. Carlos Juan Finlay, em 1881.
Em junho de 1900 a equipe de pesquisadores do exército norte-americano se reuniu pela primeira vez em Cuba para iniciar o projeto. Logo no início constataram que as pessoas com febre amarela que eles tinham contato não possuíam o bacilo proposto por Sanarelli. Não foram necessários mais de dois meses para afastar esta hipótese. Eles também verificaram que não era o contágio pessoal ou o contato com as fezes que transmitia a doença. O Prof. Reed, em uma reunião realizada em Baltimore, admitiu que eles estavam surpresos com estas constatações. Ele desconhecia os estudos feitos por Ffirth. 
Para testar a segunda hipótese, da transmissão pelo mosquito, estes pesquisadores não dispunham de qualquer modelo animal, pois era uma doença exclusivamente encontrada em seres humanos. Assim sendo, tiveram que enfrentar um sério dilema ético: encerrar a pesquisa experimental ou utilizar seres humanos para testar esta hipótese. 
Uma das exigências do Médico Chefe do Exército norte-americano George M. Sternberg, ao criar esta comissão foi a de que somente fossem utilizados voluntários na pesquisa. Antes qualquer experimentos eles deveriam obter dos voluntários um "pleno conhecimento e consentimento". Os pesquisadores tinham consciência do risco associado a um experimento deste tipo, sendo que vários expressaram a sua negativa em participar. 
Ainda em agosto de 1900, a Comissão Norte-Americana visitou o Prof. Finlay para discutir alguns aspectos dos projetos que estavam planejando. Neste mesmo período já haviam enviado para Washington, exemplares dos mosquitos que foram coletados em Cuba. O entomologista Leland O. Howard, classificou estes insetos como sendo da espécie Stegomyia fasciatus. 
Neste mesmo período, havia uma Comissão Inglesa para Febre Amarela, composta pelos Profs. Herbert E. Durham e Walter Myers, da Universidade de Liverpool. Eles foram mandados ao Canadá e Estados Unidos para verificarem o que estava sendo pesquisado a respeito desta doença em diferentes centros. Um dos centros que incluíram na sua viagem foi o do Prof. Walter Reed em Cuba.  Eles ficaram dez dias em Cuba visitando também o Prof. Finlay. 
A visita dos pesquisadores ingleses foi muito desafiadora para os norte-americanos, especialmente para o Prof. Reed. Nesta ocasião é que surgiu a idéia de que o projeto se viabilizaria através da auto-experimentação. Eles propuseram que Carroll, Reed e Lazear deveriam se expor a picadas de mosquitos para verificar a hipótese de transmissão. O Dr. Agramonte, por ser cubano e ter sido durante muitos períodos de sua vida exposto a esta doença foi considerado como não apto para a experimentação, devido a sua possível imunidade. Na manhã seguinte a esta deliberação, o Prof. Reed foi para Washington, pois deveria encerrar o relatório de uma outra comissão sobre Febre Tifóide, por solicitação do Dr. Sternberg. Este motivo nunca foi devidamente confirmado. 
O Dr. Lazear era o mais ansioso por testar a hipótese de transmissão pelo mosquito. Desde quando estava ainda nos Estados Unidos vinha defendendo esta idéia. A primeira bateria de testes foi feita com ele e com outros nove voluntários, todos soldados. O experimento era simples. Os mosquitos eram colocados em tubos de ensaio com culturas de bactérias. Logo após a abertura do tubo era colocada sobre a pele do voluntário até que o mesmo fosse picado. Nenhum deles desenvolveu sintomas da doença. 
O Dr. Carrol seria o seguinte voluntário para um outro experimento. Desta vez seriam utilizados mosquitos que tivessem picado previamente pacientes com febre amarela. O Dr. Carroll, três dias após, começou a desenvolver sintomas leves da doença. O quadro foi se agravando progressivamente, porém tendo mais características de malária que de febre amarela. Esta hipótese foi afastada posteriormente pelos exames realizados. Posteriormente foi confirmado que o Dr. Carrol havia sido contaminado mesmo pela febre amarela. Ele escreveu, mais tarde: 
  
Eu fui o primeiro a propor que nós nos submetêssemos e o primeiro a ser infectado, mas não o primeiro a ser picado.
A sua contaminação deu força para a hipótese de Finlay, mas não a demonstrou, pois as condições experimentais eram muito pouco rigorosas. O Dr. Carroll havia tido contato com pacientes com febre amarela alguns dias antes de ser picado pelos mosquitos. Quando foi constatada a sua transmissão, um outro soldado, William H. Dean, se ofereceu como voluntário para  ser utilizado para uma transmissão por mosquito a partir do Dr. Carroll. Isto foi feito e ele e outros três voluntários tiveram apenas sintomas leves. 
Em 13 de setembro de 1900 o Dr. Lazear deixou-se novamente picar pelos mosquitos. Cinco dias após começou a ter sintomas, que foram se agravando até a sua morte em 25 de setembro.O Dr. Reed, que continuava em Washington, ultimou os preparativos para a publicação desta ocorrência. 
O Dr. Reed voltou para Cuba em 4 de outubro. Nesta ocasião foi divulgada uma outra versão sobre ao corrido com o Dr. Lazear. Foi dito que ele havia sido picado acidentalmente pelos mosquitos enquanto coletavas estes animais para realizar um outro experimento. O próprio livro de anotações de Lazear confirmava a exposição intencional. Esta segunda alternativa, picadas acidentais, talvez tivesse sido divulgada por motivos de justificar o pagamento da apólice de seguro de vida para a viúva, que seria a responsável pela criação dos dois filhos do casal, sendo que um deles acabara de nascer. 
O Dr. Reed apresentou os resultados destes três experimentos na reunião da Sociedade Americana de Saúde Pública, em meados de outubro. Neste trabalho constava a seguinte afirmação: 
O mosquito serve como um hospedeiro intermediário para o parasita da febre amarela, e é altamente provável que a doença somente se propague através da picada deste inseto.
Esta afirmação não foi aceita plenamente pela comunidade científica. Em novembro o Dr. Reed volta para Cuba e estabelece uma nova base de pesquisa, denominada de Acampamento Lazear. Seriam realizados três experimentos básicos: a) verificar a transmissão da febre amarela pelo mosquito; b) verificar o efeito da injeção de sangue de pacientes em fases iniciais de contaminação em voluntários normais, e c) retestar a possibilidade de transmissão por contaminação pessoal ou por vômitos e fezes, tal como tinha sido feito por Ffirth anteriormente. 
O acampamento foi instalado com apenas doze pessoas, todos imigrantes espanhóis. Destes cinco concordaram em participar dos experimentos. Um dos argumentos de convencimento utilizado o de que mais cedo ou mais tarde eles seriam contaminados pela febre amarela. Um outro fator foi a oferta de US$100,00 pela sua participação. Quatro dos cinco voluntários desenvolveram a doença. Posteriormente foi demonstrado que o voluntário que não teve sintomas foi picado por um mosquito que não estava contaminado. 
Um outro experimento foi feito utilizando uma pequena casa, construída para este fim, onde os voluntários ficariam em contato apenas com roupas de vestir e de cama que tinham sido utilizadas por pessoas doentes. O ambiente também havia sido impregnado de fezes, urina e vômitos, para aumentar as chances de contaminação.Esta casa não tinha possibilidade de circulação de ar nem de luz solar no seu interior como forma de prevenir uma possível "desinfecção". Três voluntários permaneceram 20 dias nestas condições, recebendo materiais contaminados todos os dias. Nenhum desenvolveu qualquer sintoma da doença. Outros dois voluntários foram submetidos a estas mesmas condições, sem resultados. 
Uma outra casa foi construída para ser utilizada para o experimento de transmissão por mosquitos. Tudo na casa seria igualmente desinfetado. O seu espaço foi dividido em duas áreas iguais, separadas por uma fina tela, mantendo os mosquitos apenas em um dos compartimentos. Um voluntário, o soldado John J. Moran foi picado várias vezes pelos mosquitos, e desenvolveu a doença. Os outros voluntários, que ficaram do outro lado da tela, não tiveram qualquer sintoma. Mesmo com esta nova evidência o Dr. Reed achava que a comprovação ainda poderia ser refutada por outros cientistas e continuava muito preocupado com os avanças da Comissão Inglesa. Os dois cientistas ingleses haviam se deslocado para o Brasil para estudar a febre amarela. Ambos desenvolveram a doença, sendo que o Dr. Myers morreu em 20 de janeiro de 1901, quatro dias após ter sido contaminado. O Dr. Durhan conseguiu se recuperar. 
Em 15 de dezembro o Dr. Reed se comunicou por telegrafo com o médico chefe do exército comunicando que haviam chegado a conclusões definitivas sobre a transmissão da febre amarela. Uma vez solucionada a transmissão persistia a dúvida do que ele transmitia.  Qual o agente da febre amarela.  O Dr. Sternberg pressionou o Dr, Reed para descobrir o "agente invisível" da doença. 
O Dr. Carroll iniciou um novo conjunto de experimentos, utilizando sangue contaminado em voluntários. Ele filtrou o sangue destes pacientes contaminados e demonstrou que mesmo após este processo havia a transmissão da doença de uma pessoa para outra. Isto provou que não havia a necessidade do mosquito para a transmissão, que o mesmo era só um veículo. 
A partir destas constatações foram levantadas as propostas de quarentena e realizadas campanhas de erradicação do mosquito. Uma das primeiras campanhas foi realizada no Brasil, em 1901, na cidade de Sorocaba, interior do estado de São Paulo, por uma proposta do Dr. Emílio Ribas. Vale lembrar que a febre amarela foi erradicada nos Estados Unidos em 1905 e no Panamá em 1906. 
O Dr. Reed morreu em 1902, de uma causa não relacionada à febre amarela. Ele morreu de apendicite.  Em 1906 os Drs. Carroll e Agramaonte receberam o Prêmio Nobel pelos trabalhos desenvolvidos em Cuba. Os Drs. Reed e Lazear não puderam ser contemplados com o prêmio pois o seu regulamento só permite que pessoas vivas o recebam. 
A primeira vacina para febre amarela foi desenvolvida na França, em 1928,  a partir de material biológico obtido de uma paciente do Senegal. Era uma vacina de vírus atenuado. 
Outra vacina de febre amarela foi desenvolvida pela Fundação Rockfeller, em 1931. Ela foi desenvolvida pelos Drs. Sawyer, Wray Lloyd e Kitchen. Em 1935, o Dr. Max Theiller e seus colaboradores desenvolveram uma nova vacina que é utilizada até os dias de hoje. Os experimentos iniciais foram feitos em macacos. A primeira aplicação em seres humanos foi feita nos Drs. Theiller, Lloyd e Bruce Wilson, que se ofereceram como voluntários.  O Dr. Theiller ganhou o Prêmio Nobel de 1951 por esta sua contribuição à saúde das populações. 
Em 1935 foi feita uma vacinação em 25 pessoas no Brasil. Posteriormente, 215 pessoas de Londrina no Paraná, foram vacinadas, sendo que apenas 25,5% ficaram imunizadas. Em 1937, com a mudança da cepa utilizada para a produção de uma nova vacina, foram obtidos melhores resultados em 200 pessoas do Rio de Janeiro. A primeira vacinação em população foi feita em Varginha, no estado de Minas Gerais. 
ATUALIDADE 
No passado a ocorrência de epidemias de febre amarela urbana provocava impacto devastador na economia de um país. Prejudicava-se o turismo, as exportações eram reduzidas drasticamente e impunha-se quarentena aos navios oriundos dos mesmos. O caos abalava a economia do país, interrompendo as atividades produtivas de geração de renda e riqueza da nação.Ainda hoje, as epidemias mesmo sendo limitadas a pequenos surtos de febre amarela silvestre apresentam repercussão. Mesmo dispondo-se de vacina eficaz que rapidamente pode bloquear ou interromper a transmissão, o medo leva a corrida aos postos de vacinação. A febre amarela, ao lado da cólera e da peste, são as três doenças sujeitas ao Regulamento Sanitário Internacional. A notificação internacional é compulsória para que as medidas preventivas sejam adotadas pelos países vizinhos, para proteger os turistas estrangeiros e alertá-los sobre a necessidade de se vacinarem. 
Os riscos de adquirir a doença variam, sendo maior para os que fazem incursões às matas, e praticamente nulo aos que as evitam ou que vivem em áreas indenes da virose. A transmissão da febre amarela ocorre exclusivamente na América Central, América do Sul e África. São consideradas áreas endêmicas em  razão da presença de vetores e reservatórios animais que permitem a manutenção do ciclo silvestre. A África responsabiliza-se por mais de 90% dos casos de febre amarela anualmente notificados à OMS ( 5000 casos). Na América do Sul estima-se a ocorrência de 300 casos anuais, com intensificação viral no Peru e na Bolívia. Em alguns países da África há transmissão urbana da doença. 
No Brasil, não ocorre transmissão da  febre amarela em cidades desde 1942, mas a possibilidade da transmissão em áreas urbanas existe desde a reintrodução no país, na década de oitenta, do Aedes aegypti - que além de causar dengue, causa febre amarela. Não está havendo transmissão nas cidades, porém todas as regiões do país possuem áreas (zonas rurais, regiões de cerrado, florestas) onde há risco de transmissão da doença. Nestas áreas, a infecção é transmitida por mosquitos do gênero Haemagogus e o ciclo do vírus é mantido através da infecção de macacos e da transmissão transovariana  no próprio mosquito.
As facilidades de locomoção e o elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas de risco fazem com que a possibilidade de reintrodução da febre amarela nas cidades seja preocupante e permanente. Ela é geralmente adquirida quando uma pessoa não vacinada viaja (turismo, trabalho) para o interior do país (áreas rurais, regiões de cerrado, florestas). Uma vez infectada, a pessoa pode, ao retornar, servir como fonte de infecção para o Aedes aegypti, que então pode iniciar a transmissão da em área urbana. A maioria dos casos da infecção pelo vírus apresenta manifestações leves ou não tem sintomas. São, portanto, difíceis de serem reconhecidos e diagnosticados, mas nem por isso deixam de ser uma fonte de infecção para o Aedes aegypti. Se nenhuma medida de controle fosse adotada poderia, então, ocorrer uma epidemia. Esse risco pode ser significativamente reduzido com a vacinação, pelo menos dez dias antes da viagem, de pessoas que se dirigem para áreas de transmissão silvestre e "rural", com o combate efetivo aos Aedes e com a gradativa e sistemática vacinação das populações urbanas.
A imunidade das populações vivendo nessas áreas varia consideravelmente. Na área endêmica estima-se que cerca de 95% da população já esteja vacinada contra a febre amarela. Observa-se índice similar ou ligeiramente inferior na área de transição. Já na área indene, a cobertura vacinal, ressalvadas raras exceções,é muito baixa ou praticamente nula.
Até 1997, a incidência dos casos apresentava certa regularidade, com epidemias cíclicas, a intervalos mais ou menos regulares de cinco a sete anos, alternados com pequena ocorrência de casos. A partir de 1998 esta tendência se modificou, com aumento progressivo do número de casos confirmados, com tendência de deslocamento para o sul e leste, expansão da área de transição e reativação ou ativação de novos focos da doença para áreas, até então consideradas indenes. 
Em 2000 ocorreram casos humanos nos estados de Acre, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, São Paulo e Tocantins. No primeiro trimestre de 2001 ocorreu um surto no estado de Minas Gerais, nas regionais de Divinópolis e de Patos de Minas e em 2003 no vale do Jequitinhonha. Em 2004, foram confirmados 5 casos, 3 no Amazonas e 2 no Pará, com 2 óbitos.  Em 2005 tivemos 3 casos, 2 no Amazonas e 1 em Roraima com 3 óbitos.
A vacina contra a febre amarela foi empregada pela primeira vez no Brasil em 1937. Passou a ser produzida pela Fundação Oswaldo Cruz e, a partir de 1976, em sua unidade técnico-científica - Bio-Manguinhos - único laboratório nacional produtor desta vacina.O produto é exportado desde de 1986; suas vendas se intensificaram a partir de 2002, com a pré-qualificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).Hoje o Brasil já é o maior exportador do mundo, fornecendo para 54 países, principalmente para África e América Latina. 

CONCLUSÃO

A Febre Amarela constituiu, ao longo da história, um enorme desafio para a humanidade, por ceifar milhares de vidas. Atualmente, é considerada uma doença quase extinta em boa parte do Brasil e do mundo graças à vacina desenvolvida por     Max Theiler. Ainda assim, é necessária a continuidade das pesquisas e do trabalho preventivo com relação à mesma, para evitar cada vez mais mortes advindas desta patologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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-http://www.netsaber.com.br/ - acesso em 08/05/2007.
Orientador:
Jorge Salton
 

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