2005: BARRY J MARSHALL e JAMES R WARREN

10/10/2019
2005: BARRY J MARSHALL e JAMES R WARREN

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE MEDICINA
EDUCAÇÃO E ÉTICA MÉDICA
PRÊMIO NOBEL DE MEDICINA 2005
ALINE FRIGHETTO
DÉBORA TOMAZONI
EMILY OURIQUE

RESUMO

O presente artigo apresenta uma breve biografia de Barry James Marshall e James Robin Warren e seu respectivo trabalho, o qual os fez ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina em 2005. A dupla de cientistas fez uma notável e inesperada descoberta sobre a bactéria Helicobacter pylori e o seu papel nas gastrites – inflamações da mucosa do estômago – e nas úlceras pépticas – que atingem o estômago e o duodeno. A identificação desta bactéria, em 1982, é considerada um dos acontecimentos científicos mais relevantes dos últimos 25 anos.

ABSTRACT

The following article presents a brief biography of Barry James Marshall and James Robin Warren and their respective work, which one made them the 2005 Nobel Laureates in Physiology or Medicine. The scientists made a remarkable and unexpected  discovery of a bacteria, Helicobacter pylori and its importance in gastritis – inflammation of gastric mucosa – and in peptic ulcer disease -  that affects stomach and duodenum. The discovery of this bacteria, in 1982, is considered one of the most relevant scientific occurrence in last 25 years.

INTRODUÇÃO

Barry Marshall e Robin Warren foram premiados pela descoberta de que a gastrite (inflamação estomacal) e as úlceras de estômago e duodeno são causadas pela bactéria Helicobacter pylori e não por estresse e estilos de vida como se acreditava. Mas mais do que estabelecer a relação de causa (infecção pelo Helicobacter pylori) e efeito (inflamação do estômago - gastrite), foi também possível demonstrar que ao tratar a infecção com antibióticos, a doença desaparecia. Este foi o primeiro fato que fez substituir o tratamento cirúrgico das úlceras do estômago pelo com antibióticos. A infecção por Helicobacter pylori é feita por via oral. A ingestão de águas e de alimentos contaminados, ou mesmo o contato entre as pessoas podem provocar a transmissão da bactéria. Estudos também apontaram que cerca de dois terços da população mundial são afetados pela H. pylori, mas a maioria nunca sofre os sintomas.  Ela predispõe ao câncer de estômago, que é a segunda maior causa de mortes por câncer. Este artigo tem a finalidade de apresentar a trajetória de vida desses pesquisadores e do seu trabalho, o qual abriu um fascinante mundo da investigação, pesquisando mais sobre a bactéria (que são muitas e diferentes) e também sobre o hospedeiro (doente), na tentativa da compreensão do papel desta bactéria como agente iniciador de doença do estômago.

DESENVOLVIMENTO

Biografia
Barry James Marshall nascido em Kalgoorlie, uma pequena cidade no interior do oeste da Austrália. Seu pai trabalhava como soldador e sua mãe era enfermeira. Quando Barry James tinha oito anos, sua família mudou-se para os subúrbios de Peth, a maior cidade litorânea e capital do estado de Western. O filho mais velho da família, era um garoto extremamente curioso, fascinado pelo mundo natural e todas as coisas mecânicas. Marshall um excelente estudante, ganhou uma bolsa de estudos para estudar na Universidade de Western Austrália (UWA), onde completou o curso de medicina em 1974. Conheceu sua esposa Adrienne, uma estudante de psicologia da Universidade da Austrália Ocidental e se casaram em 1972, enquanto estava no quinto ano de medicina. Fez seu internato em medicina geral no Queen Elizabeth II Medical Center em Perth, e fez sua residência no Royal Perth Hospital, onde explorou algumas especializações, incluindo gastroenterologia.
John Robin Warren nascido em 11 de junho de 1937 em North Adelaide, sul da Austrália. Atualmente, vive em Perth, onde trabalhou como patologista no Hospital Real até 1999. Primeiro filho de um casal de classe média, hoje é casado com Win Warren e tem seis filhos. Sua mãe nunca o pressionou para que estudasse medicina, mas de alguma maneira isso sempre pareceu ser seu objetivo. Warren tinha muito orgulho de um tio, Lucas Verco, que era um Capitão do Corpo Médico do Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, Lucas tornou-se não somente médico praticante em todo o país como o tio preferido de Warren. Viveu uma infância humilde, nos tempos em que os subúrbios de Adelaide eram notavelmente seguros. Quando entrou na adolescência, estudou no colégio mais antigo da cidade: St Peter’s College; e entrou na escola de medicina da Universidade de Adelaide em 1955, onde passava a maior parte de seu tempo. Depois da escola médica, casou-se com Win Warren e empregou-se para a vaga de secretário em Patologia Clínica do Instituto de Medicina e Veterinária, ligado ao Royal Adelaide Hospital. Na prática, "Patologia Clínica" significava principalmente hematologia do laboratório, o qual Warren gostou muito. Pouco tempo depois, tornou-se Professor de Patologia da Universidade de Adelaide, onde trabalhava principalmente em cima de anatomia patológica e de histopatologia, sob a orientação do professor Jim Robertson, que completou a sua visão da patologia e o convenceu a ir para a adesão à (então) novo Colégio de Patologistas de Austrália. Foi oferecido a ele o cargo de secretário de Patologia Clínica no Hospital Royal Melbourne, e após quatro anos, terminou sua adesão à faculdade e tornou-se um patologista plenamente desenvolvido. Durante o ano de 1970, Warren desenvolveu um interesse por biópsias gástricas e, um ano depois conheceu Barry Marshall, o qual concordou com Warren em realizar um estudo patológico mais completo acerca deste tipo de biópsias.
Pesquisa
Robin Warren observou pequenas bactérias que colonizam a curva da parte inferior do estômago (antro) em cerca de 50% dos pacientes a partir da qual as biópsias haviam sido tomadas. Ele fez a observação fundamental de que os sinais de inflamação estavam sempre presentes na mucosa gástrica perto de onde as bactérias foram encontradas.
Barry Marshall (1951), um jovem clínico, interessou-se em resultados de Warren e juntos iniciaram um estudo de biópsias de 100 pacientes. Após várias tentativas, Marshall conseguiu cultivar uma espécie até então desconhecida bacteriana (posteriormente indicado Helicobacter pylori), a partir de várias dessas biópsias. Juntos, eles descobriram que o organismo esteve presente em quase todos os pacientes com inflamação gástrica, úlcera duodenal ou úlcera gástrica. Com base nestes resultados, propuseram que a Helicobacter pylori está envolvido na etiologia destas doenças. 
Mesmo que as úlceras pépticas podem ser curadas pela inibição da produção de ácido gástrico, eles freqüentemente reincidem, uma vez que as bactérias e inflamação crônica do estômago permaneceram. Em estudos de tratamento, Marshall e Warren, assim como outros mostraram que os pacientes poderiam ser curados de sua doença péptica só quando a bactéria fosse erradicada do estômago. A crença nas suas descobertas permitiu Warren e Marshall tratar as úlceras com antibióticos e remédios contra o excesso de acidez, ao invés de cirurgias. Os trabalhos dos dois pesquisadores derrubaram os dogmas sobre este tipo de doença. Para demonstrar a validade da teoria e acabar com a incredulidade do mundo científico de que a bactéria Helicobacter pylori poderia causar úlceras, Marshall chegou a ingerir uma quantidade delas, ficando muito doente. As úlceras estomacais são das doenças mais comuns da humanidade e, em muitos casos, podem causar o câncer de estômago, mas não será mais uma doença crônica, que com freqüência gerava incapacidade, e sim uma doença que pode ser curada com um breve regime de antibióticos e inibidores de secreções ácidas.
Em países com nível socioeconômico, padrões de infecção são consideravelmente menos comum do que nos países em desenvolvimento, onde praticamente todas as pessoas podem ser infectadas. 
A infecção é geralmente contraída no início da infância, muitas vezes mediante a transmissão de mãe para filho, e a bactéria pode permanecer no estômago para o resto da vida da pessoa. Esta infecção crônica é iniciada na parte inferior do estômago (antro). Conforme noticiado, primeiramente, por Robin Warren, a presença do Helicobacter pylori está sempre associada a uma inflamação da mucosa gástrica subjacente como evidenciado por uma infiltração de células inflamatórias. Na maioria dos indivíduos a infecção por Helicobacter pylori é assintomática. No entanto, cerca de 10-15% dos indivíduos infectados apresentam algum tipo úlcera péptica.

CONCLUSÃO:

   Barry Marshall e Robin Warren descobriram que uma das doenças mais comuns e importantes da humanidade, a úlcera péptica, é causada por uma infecção bacteriana, portanto, totalmente revolucionária e foi inicialmente recebida por grande ceticismo, pois durante muito tempo eram consideradas como sendo um resultado do estresse e alimentação inadequada. Graças ao trabalho desses dois cientistas, que desafiaram dogmas preestabelecidos, hoje não há mais dúvida de que essa bactéria é responsável por mais de 90% das úlceras duodenais e de 80% das úlceras gástricas.
A descoberta do Helicobacter pylori tem aumentado a compreensão da relação entre a infecção crônica, inflamação e câncer. Em todo o mundo, diversos trabalhos com H. pylori passaram a ser realizados a partir das descobertas de Marshall e Warren.
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://caminhosdoconhecimento.wordpress.com/2005/10/03/artigo-nobel-da-fisiologia-e-medicina-2005/
http://nobelprize.org/
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2005/10/03/ult34u136971.jhtm
http://cienciahoje.uol.com.br/3919 
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/2005/warren-autobio.html
http://portal.alertonline.com/?key=680B3D50093A6A002E42140A321A2A5C0B683E0A760752786F5673





 

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